Palavras e Ações
Quantas vezes já não ouvimos que uma ação vale mais que mil palavras? Muitas! Mas conseguimos colocar isto em prática? Nossas palavras estão em sintonia com nossas ações?
Observo sempre a importância de um elo entre o que falamos e o que fazemos. Se houver muitas discrepâncias, causaremos inseguranças, dúvidas e desmotivação em nosso meio.
E trazendo este pensamento para a empresa...
Imagine um gerente ou diretor de uma organização dizendo numa reunião: “Eu valorizo muito cada um de vocês!” Ou mais, imagine um quadro com os valores da empresa onde o primeiro tópico é, por exemplo: “pessoas em primeiro lugar”. Porém, na primeira oportunidade, corta-se um benefício dos funcionários sem nenhuma justificativa ou satisfação. O que há então? Uma discrepância entre o que se fala e a forma como se age. Nesse caso, pode ser que realmente tenha sido necessário cortar o benefício (talvez a empresa estivesse em crise, enfim), mas o maior problema foi a falta de respeito para com os funcionários que diziam valorizar tanto.
Da mesma forma, podemos ver este desrespeito quando o funcionário não é ouvido em suas sugestões, quando se coloca uma distância enorme entre os setores de administração e de execução, quando se chama a atenção de um funcionário na frente de outros, quando se marca um compromisso com um funcionário e não o cumpre, quando não se dá o devido feedback ao funcionário, quando se promete soluções e/ou projetos e não o cumpre, sem dar satisfações, quando o funcionário o procura para conversar e se dar pouca importância, quando não valoriza a necessidade de lazer e descanso de todos os seres humanos, quando se demite por questões pouco esclarecidas, quando pune um funcionário injustamente ou por questões pessoais, etc.
Este desrespeito vai se proliferando para os clientes (quando não cumpre o que promete), para os fornecedores (quando não realiza os pagamentos, sem satisfações), etc.
E isto não se mascara... Nós, seres humanos, percebemos de longe essa dissonância.
A reação da maioria dos funcionários normalmente é de acordo com a ação da empresa. Da mesma forma, as pessoas tendem a não respeitar, não ouvir, fazer o trabalho de qualquer jeito, reclamar de forma implícita, enfim, posturas que retribuem o que receberam. Poucas são as pessoas que têm a coragem de falar explicitamente o que pensam, muitas vezes por medo da demissão.
Este quadro ainda é bem comum atualmente. Apesar da evolução das teorias organizacionais com estudos sobre o tripé: “pessoas, organização e trabalho”, parece-me que muitas empresas ainda estão presas às teorias de Taylor, de Ford, e não evoluíram. Eles deram sim suas contribuições, foram grandes pioneiros, mas está mais do que provado que as relações humanas e a valorização sincera aos funcionários é a maior causa da prosperidade de ambos, o que as primeiras teorias não valorizavam.
As melhores empresas para se trabalhar carregam novas políticas.
A melhor organização para se trabalhar é aquela que valoriza, respeita, dar oportunidades, confia, reconhece, dar um feedback sincero e profissional, valoriza o trabalho em equipe, valoriza as diferenças, enfim, valoriza basicamente as necessidades criadas de forma plausível por Maslow (desde as fisiológicas, passando pelas de segurança, as sociais, as de estima, até a auto-realização). E para a empresa funcionar bem e prosperar também são indispensáveis um sistema operacional eficaz, a atualização do conhecimento e as condições para que o trabalho possa ser realizado.
Pode ser observado que não citei a palavra “dinheiro”. Não que este não seja importante, mas pesquisas mostram e podemos notar que não é o que determina o aumento do fator motivação em longo prazo. Entendo que ter um salário justo também faz parte da cultura do respeito (assim como benefícios, a depender do porte da empresa), mas somos mais e precisamos de mais. Nossa motivação acontece de forma mais subjetiva do que a simples troca do trabalho por dinheiro.
As empresas precisam perceber mais as necessidades das pessoas, não as tratando como robôs, e sim acreditando e reconhecendo seus grandes potenciais, seja qual for a sua área.
Com a política posta, os valores firmados (com consonância entre o que se diz e o que se faz), as pessoas certamente seguirão a missão e visão da organização, e esta poderá contar com os melhores profissionais, os mais comprometidos e produtivos.
Tudo isso exige mudança, que não é um processo fácil para as empresas e exige persistência e exercício, pois normalmente não têm o hábito de rever posturas, valores e mudar. Empresas menores, a meu ver, têm maior facilidade, apesar da dificuldade da comum indefinição de funções e poucas condições de trabalho, mas pode-se extrair os benefícios dos contatos mais próximos, das necessidades de reuniões frequentes, da observação, e, talvez, do feedback mais sincero.
Os valores da organização estão alicerçados em sua cultura, que está presente desde a forma como é realizada uma reunião, até a posição das salas, as comunicações, enfim, é preciso rever toda a organização para que se alcance, além de lucros, a harmonia entre o dito e o não-dito e, principalmente, o bem-estar de todos que fazem parte desse palco social (incluindo clientes, que sustentam a organização, e os fornecedores, com quem é imprescindível um bom relacionamento). Somente a gerência e liderança poderão aceitar esta necessidade e “dar o ponta pé” inicial para a mudança organizacional e determinar (e acompanhar) as diretrizes que a organização tomará, quando passará a conhecer os benefícios da nova postura.
Para as definições dos passos e acompanhamento, a ajuda de um profissional é sempre bem-vinda.
Neste quadrinho uma forma leve e divertida que procuraram expôr o que muitas vezes acontece:
E, por último, deixo uma frase que está bem de acordo com a forma simples que expus meus pensamentos acima:
“Aja antes de falar e, portanto, fale de acordo com os seus atos” (Confúcio)
Até o próximo post! Tudo de bom!
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